I'll see you soon
Morro vezes sem conta ao cair na tua pele
que se rasga numa noite que já esquecemos
esquecemos tal como a noite em que os meus olhos caíram em ti
as minhas veias explodiram e o meu cérebro latejou
a noite em que passeei contigo nas estrelas
e nos beijámos no amanhã quente trazido pelo vento da noite
morro vezes e vezes sem conta ao trazer-te comigo
morro mais uma vez enquanto olhas serena
rasgando os teus lábios com palavras cruéis
com palavras cruéis
morro em ti enquanto olhas para o lado
enquanto passeias nos teus contos, na nossa noite.
O cair da noite
Rasgo a carne em dois movimentos ou três
enquanto a minha mente continua a latejar ao ritmo incessante da noite
das flores destruídas, dos malmequeres perdidos e dos amores-perfeitos esquecidos.
vejo a doce solidão aproximar-se ao longe com os seus dedos esguios
com o manto da noite sobre os seus ombros
esquecendo-me, esquecendo-nos, fazendo-me esquecer
beijo a terra que trazes nos olhos e voltas a rasgar a minha carne
o meu ser o que já não sou.
tragam as melodias inacabadas e as nuvens cinzentas
tragam os dias de chuva e os fins de tarde incessantes
tragam a multidão chorosa
hoje foi o dia em que morri
How do you feel today?
Não me deixes adormecer
Beijas-me do lado que dói,
enquanto passas nas nuvens
que fizeste com os teus contos passados
num momento perdido, num sonho esquecido, num segundo que nunca existiu
levas-me contigo sem ti, enquanto escrevo mais uma vez
nos segundos em que nunca nos beijámos e quisemos amar
nas palavras que ficaram por matar.
Bem desde já gostava de dizer que este é o meu post numero 100. Espero que gostem.
Depois de ti ficamos nós
Perdido no vento
agarras-me com as tuas garras de aço que me fazem doer os olhos
por não conhecer
aceitar o que fui
querer fugir, voar de mim ou sonhar quando te quis saber sozinha
numa praça qualquer.
cheio de tristeza no coração voo ao teu lado
num turbilhão que me faz arder a pele
seca por passados que não soube queimar
a pele e os lábios humedecidos pela verdade crua que agora vejo
e amo num lamento outonal de coisas que me trouxeste de países distantes
que tão perto e dentro de mim nunca me fizeram partir.
sou eu,
sou a chuva dum fim de tarde que ficou por escrever.
How love should be
"TWO butterflies went out at noon
And waltzed above a stream,
Then stepped straight through the firmament
And rested on a beam;
And then together bore away
Upon a shining sea,—
Though never yet, in any port,
Their coming mentioned be.
If spoken by the distant bird,
If met in ether sea
By frigate or by merchantman,
Report was not to me."
Emily Dickinson
"estou sentado numa cadeira simples
numa varanda debaixo de um
telhado de telhas e chove à minha
volta sou demasiado novo e cansado
cansado e sem força de nunca ter
feito ou dito nada cansado de
tempo de vácuo lâmpada de lusco-fusco
idade de domingos cinzentos de
nuvens cinzentas sem céu chuva
demasiado novo e velho demais sem
força de estar sempre sentado numa
cadeira que me deram numa
varanda que construíram sobre mim
debaixo de um telhado telha por telha
sem história e sou criança e sou
logo velho e só passou um domingo
longo de horas infinitas até ao último
minuto sem força de membros inúteis
cansado como a chuva que cai para
nada"
"estou sozinho de olhos abertos para a escuridão. estou sozinho.
estou sozinho e nunca aprendi a estar sozinho. estou sozinho.
sinto a falta de palavras. estou sozinho. estou sozinho.
sinto falta de uns olhos onde possa imaginar. estou sozinho.
sinto falta de mim em mim. estou sozinho. estou sozinho.
estou sozinho."
José Luís Peixoto (A Criança em Ruínas)
Partir
Para ti.
Deste-me sonhos na noite escura que percorria sem ninguém saber. Abraçámos juntos as ruas da cidade, enquanto fugíamos sorrindo e desejando que nos perdêssemos em mais uma praça qualquer. Sopraste ao ouvido os dias que seguem, e a chuva que batia na janela do meu quarto. Foste sede do meu querer, deserto perdido nos meus olhos, enquanto corríamos por entre as pessoas na rua, brincando, fugindo. Dos versos que escrevi à simplicidade dos teus olhos, fomos amantes da cidade que nunca conseguimos deixar. A cidade que nos mantém nas memórias da velocidade dos carros e das árvores esquecidas. A cidade que nos ama nos dias de chuva, e nos cansa nos dias de verão.
No fim pintámos amantes secretos e beijos perdidos. Pedimos desejos ao vento quente que não deixava respirar, e esperámos por nós. Esperámos mais uma vez sozinhos num banco escondido em mais um jardim qualquer.
Shades of forgiveness
Blue pill, blue pill
Brings the soldiers of forgiveness and makes me ill.
Where the night faints in the street,
I pick up my blue pill to get some sleep.
Oh blue pill, gray fate,
You’ve made me forget who I am today.
Where the poet lies
Bem aproveito um pouco do que ando a viver para escrever mais uma série de poemas. Tal como uma grande amiga, os acontecimentos que decorrem levam-me a escrever. Resta-me esperar que gostem.
Behind every door, lies a skeleton that someone is trying to hide.
Behind every smile, is someone asking for pleasure first, then forgiveness.
On those places where the city never sleeps,
Lays the pour man that tries to forget, the steps he made before he perishes in the street.
Fools and kings walk trough the same old roads,
Forgetting what they are,
And trying to forget the blue mist that is hiding behind their eyes.