terça-feira, abril 20, 2010

Ainda me agarro às cores vibrantes diante da casa que acabáramos de pintar.
Ao longe as árvores dançantes cantando sobre nós.
As searas amareladas pelo sol quente da tarde, eram a paz do que não conseguia ser.
Era o espaço em que podíamos existir.
Costumávamos preparar um grande banquete no alpendre da casa acabada de pintar. Deixávamos a comida escorrer-nos pelo queixo sem que nos preocupássemos com tal.
A minha mãe existia nesses tempos.
Correndo atarefada, não deixando que a comida acabasse naquele banquete.
Comíamos vendo o verão passar.
Comíamos até que os nossos estômagos doessem de prazer.
Até os nossos corpos trôpegos caírem no soalho do alpendre.
Eram memórias que as sombras tomavam para si.
Memórias como as fotografias que agora eram das sombras e de todas as outras coisas.