segunda-feira, abril 19, 2010

o meu corpo não pára por ti nem pelo que ficou de nós
o meu corpo pálido deixa-me seguir sem ti no perdão que deixei em mim
seguem-me os dias ou as memorias do teu cabelo, por onde tantas vezes passei as mãos que tremiam dentro de mim.
e nos momentos que deixávamos secar numa chávena de café
não são os dias sem te ter que me deixam triste, são as fotos em que não são os teus olhos presentes, os teus lábios delicados, ou o teu rosto suave que ficam por desejar que ficam por querer e ansiar,
são os dias de sempre, de algures, de te ter perto de mim.
não são mais os teus olhos que se perdem em mim, são os desejos dos outros,
a raiva que cresce do sangue seco que nasce em mim.
esta raiva, este corpo que me prende a ti, as flores e a areia que ainda me resta por entre os dedos que passaram na tua pele, lendo desejos,
lendo segredos que cantavas para mim de pele fria e olhos tristes.
cresces em mim com o vazio que me preenche agora o peito,
respiro os cinzas que transpiras de noites em que fomos amantes dos nossos dias, dos nossos momentos dos nossos segredos.
dizia-te adeus, com palavras que te rasgavam a carne fingindo que estaria tudo bem que iria ficar tudo bem, dizia-te adeus com o vazio que nascia em mim
esperava-te alguém noutro local enquanto as minhas palavras te rasgavam o corpo até que nada restasse a não ser a memória do que não quis ficar.
perdi-te algures nesses dias em que fugiste no vento que não te queria deixar mais ficar, no vento que não me queria deixar-te mais amar.