terça-feira, abril 20, 2010

Sonhava com o que não me podia recordar.
Sonhava com os Verões distantes de que não me conseguia recordar.
Eram sonhos pálidos de memórias como fumo que se elevava para longe de mim.
Sonhava apenas com um local onde existíamos nós.
Iguais ao que éramos sem que me pudesse esquecer.
Por vezes eram apenas sonhos negros.
Como uma cortina espessa que cai quando o espectáculo acaba.
E depois acordava naquelas noites escuras em que se tinham tornado os dias.
Certo dia acordo e vejo-te sentada em frente à minha secretária de madeira.
Não choravas.
Debruçavas-te sobre os textos que escrevera nas outras noites em que estava acordado.
Debruçavas-te sobre as poucas palavras que atormentavam durante a noite.