Hoje sinto-me melancólico
Vi uma rapariga triste por entre livros que nunca li
de olhos poisados no infinito,
no vazio que lhe saía das veias.
Vi uns olhos triste por entre palavras que alguém escreveu
abraçada por vultos de outras memórias.
Vi uma rapariga por entre livros tristes que nunca li,
vi uma rapariga de olhos tristes por entre livros que nunca li.
Os invasores
Enquanto fujo dos invasores, luto com o cabelo que me escorre pela cara. Ofegante, busco pelas réstias de energia que me percorrem o corpo já morto. Os invasores nunca se cansam, raramente se perdem. Os invasores, sim esses invasores, continuam-me a seguir de olhos ávidos de vazio, sedentos de silêncio. Curvo mais uma vez numa rua estreita. Mais e mais uma vez. Perdido nas ruas estreitas, nas sombras, nos meus pensamentos, luto apenas para que nunca me encontrem. Luto para que os invasores não me alcancem por fim.