domingo, janeiro 17, 2010

O que me resta em mim

Restam-me os prédios que ardem sem cessar.
Restam-me os dias dos dias que ficaram por passar.
As ruas são meras histórias que correm por mim,
são os tristes acasos que fogem de mim,
são os dias, as noites, os beijos no rosto
são as tristes historias dos tristes que partem.
As ruas são o que deixaste para mim,
o que deixaste para escrever.
Sonho pelos dias que deixaste escritos algures para mim,
enquanto as sombras me tocam,
enquanto as sombras me beijam com um beijo frio.
Deixaste-me os sons que fogem no vento,
que fogem duma boca que cega,
que fogem duma boca que dança por mim.
Deixaste-me as músicas que me beijam os lábios,
lábios esses que não quiseste em mim.
Segues por castelos sem fim,
pelas nuvens cinza dum dia por fim.
A noite chega e deixas-me aqui,
aquecendo os lábios numa chávena de café,
enquanto as luzes riscam a noite,
riscam a noite escura como uma tela por pintar.
Deixas-me na noite,
beijas-me na noite.
Na noite que é o que me resta em mim.
Na noite em que nunca te vejo aqui.