quarta-feira, janeiro 06, 2010

Nós nunca mais seremos nós.
Seremos o que alguém deixou para trás
um rasto na noite, um beijo no vento.
Nós nunca mais seremos nós,
nunca mais estaremos sós.
Tive muitos dias em que fomos apenas nós,
e dias em que estávamos sós.
No início tivemos os fins de tarde,
que passávamos com uma mão pela face.
Quando já éramos outros que não nós,
partilhámos as noites sem fim.
Partilhávamos um doce que nos beijava os lábios frios,
partilhávamos momentos que queríamos ter.
Quando chegou o tempo de já não sermos nós,
eis que sós nos encontramos assim.
Perdemos-nos nas loucuras dos dias frios.
No Inverno de mim,
no Inverno sem fim.
Bebia os beijos quentes nos dias em que nunca fomos nós.
E agora resto eu,
só, sem nós.
E eis que estamos sós.
Perco-me sempre sem nós,
perco-me sempre quando estamos sós.
Beija-me nos dias que faltam para mim,
beija-me nos dias que faltam sem mim,
beija-me por fim nos dias assim.