quinta-feira, dezembro 27, 2007

Os ultimos dias da tua vida

Bem finalmente coloco a tão prometida série de poemas. Espero que gostem e sejam boas ou más, todas as críticas são bem vindas. Por alguns problemas que até eu desconheço a causa, vou ter que colocar os poemas na integra no blog e não num pdf como prometido. Desculpem desde já por este problema.



A noite

Depois da noite chegar
célere com os espectros nas suas costas frias
secava o sangue dos amantes nos bancos de jardim
que jaziam sobre a palavra que morria agora também
do amor que já não o era.
escorria nas pessoas,
nos passeios,
nos cabelos soltos daquela rapariga imortal.
depois da noite chegar
restavam as sombras inertes
que rasgavam o manto da noite
depois da noite chegar
restavam os sonhos indolentes que pudemos esquecer
carregava-te nos ombros
enquanto tu de olhos vítreos
olhavas o vazio,
o futuro que era o teu vazio
depois da noite chegar.



As primeiras horas

Apenas as sombras acordavam na noite
que nos prendia ao chão
e nos fazia sangrar mais e mais uma vez
apenas o nada nos fazia parar
nos fazia doer e querer chorar.
As chagas que agora me cobriam o corpo
já ele despido de mim
já ele sem mim
faziam-me lembrar
pediam-me para nunca esquecer
a dor, o amor, o tempo
tudo o que não era simples e nunca o iria ser
qual chaga que se entranhava no meu corpo
no meu corpo despido de mim.



Dentro de mim

Lentamente os teus olhos
tornavam-se etéreos
enquanto lentamente se esgotava o azul
depois os restinhos cinza que costumava beijar.
Guardava-te dentro de mim
guardava-te para nunca te perder
para nunca te esquecer
para que os que viessem nunca te levassem
nunca te ferissem a pele doce
que outrora deixei para mim
que outrora deixei para saborear nos dias quentes
para gritar nos dias frios
e amar nos dias em que nunca existimos
guardei-te dentro de mim
naquele cantinho
para que pudesses chorar
chorar sem nunca partir.



Primeiro dia dum final triste

Depois da noite chegar
depois da noite se instalar
nas chagas agora profundas no meu corpo
chegava o frio.
O frio das nossas despedidas
o frio que trazias agora nos teus olhos
e todos aqueles que queríamos esquecer.
Dentro de mim
já protegida dos outros
protegida das chagas que me consumiam
choravas
choravas
choravas
choravas
choravas
trazias as hostes de Inverno
numa melopeia cinza
dentro de mim morrias
mais uma e uma vez
até eu desaparecer
até me perder
nos vazios que me construíam agora a alma
e nos despojos que me cobriam agora o corpo